A VAIDADE ATINGE A LIDERANÇA - 1ª Crônicas 21.1-3/ 2ª
Samuel 24.1-3
A observar o comportamento arrogante
e vaidoso dos líderes em nossos dias, percebemos um frenesi e uma busca quase
que sem termos, por uma espécie de acesso ou senha que possibilite a chegada de
um líder à galeria dos tops, dos mais bem sucedidos na era “evangélica”.
É a famosa frase: “quantos membros
tem a sua igreja?” ou, “qual é o valor das entradas da sua igreja?”. Como se a
igreja fosse do líder, e o que há de maior valor nela, seja a número de pessoas
que a compõem, e o valor financeiro das entradas. E, como se o mundo espiritual
e a qualidade da sua vida de comunhão com Deus, dependesse desses fatores acima
mencionados, e o Reino de Deus seja contado pelo que os nossos olhos humanos
podem vê. No meu entender, e não tenho aversão ao que seja material ou prosperidade
financeira, creio que os dois são necessários para acomodar as nossas tendas de
peregrinos aqui na terra, mas, me referindo ao que é que, biblicamente nos é
ensinado do que será valorizado realmente e contado no Reino de Deus na
eternidade; que é a qualidade de vida de cada ovelha, não excluindo a reflexão
sobre a quantidade delas sob o nosso pastoreio.
Já diz o Novo Testamento na
linguagem utilizada pelo Apóstolo Paulo quando escreveu aos Romanos 14.7 “Por
que o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no
Espírito Santo”. Portanto, que proveito há um “reino” repleto de comida, bebida,
ou seja, onde não falte a condição financeira, mas, a alma das pessoas sofre
por serem e estarem ligadas ao materialismo, serem injustas e viverem
inquietas, perambulantes de um lado para o outro, casando e dando-se em
casamentos; como acontecia nos dias de Noé, e nada de desfrutarem dos valores
do Reino de Deus na sua plenitude em Cristo Jesus? E onde reina a infelicidade
e a tristeza da alma ou o pessimismo? Em Marcos 7.20-23 Jesus ensinou que o que
contamina o homem é o que sai do interior do seu ser, ou seja, seus pensamentos
e intenções malignas e pecaminosas; e valorizando a pregação o Evangelho do
Reino, que é eficiente contra toda esta situação humana, e capaz de efetuar a
regeneração espiritual, que é primordial para a alma dos homens entrarem no Seu
Reino.
No texto de II Samuel 24.1 o autor
dá a entender uma ordem divina incitando o Rei Davi para levantar o senso e
contar o número de pessoas existentes no Reino de Israel. Já o mesmo assunto
relatado após um período grande de tempo, que o autor do livro de I Crônicas
21.1 relata é que foi satanás que se levantou contra Israel e incitou a Davi
para contar o povo, o que pode ser entendido se levarmos em conta a evolução da
teologia, pois cerca de +/- 500 anos havia se passado entre os dois escritos;
percebemos que Deus não levaria a Davi agir de forma errada, para
posteriormente Ele mesmo, punisse a Davi e ao povo, levando a morte de cerca de
70 mil homens; o que nos leva a analisar a figura de satanás e sua atuação
neste episódio. A Deus é impossível a satanás manipular, nem sequer um mínimo
pensamento do Senhor, satanás não é capaz de alterar; só nos resta o homem
Davi, pois nele, constantemente aparecem tanto no AT quanto no NT atitudes
humanas onde podemos discernir pela palavra de Deus, que são contrárias à Sua
Vontade, ao contrário, são malignas e causam danos, e que na sua condição de
caído, brotam do interior do coração do homem pecador, que é o caso de Davi;
assim como qualquer um de nós hoje, mesmo dirigidos pelo Espírito Santo e
salvos pela graça, podemos pelas nossas escolhas ofender e entristecer
grandemente a santidade de Deus, com algumas decisões.
O que a seguir no texto de I
Crônicas 21.2 é confirmado, nos mostra que foi Davi que deu a ordem a Joabe e
aos anciãos do povo, onde no v.2b fica esclarecido o porquê desta ordem, “e
trazei-me a apuração para que eu saiba o seu número”; o eu nos demonstra
claramente, quem e o porquê Davi foi incitado, pelo “eu”. E na minha visão não
há nada de errado em contar o número das ovelhas, pois estão sob o nosso
humilde pastoreio ministerial, contamos através da lista de membros, quando
queremos impressionar outro colega, etc. Deus mesmo instruiu Moisés a levantar
um senso de maneira a evitar uma praga, cada homem deveria pagar uma taxa de
recenseamento para o sustento dos serviços do tabernáculo (Ex 30.11,12; Nm
31.48-50). Deus providenciou um senso antes de formar um exército para a
conquista da terra prometida (Nm 12). Portanto, havia uma maneira certa e uma
maneira errada para levantar um senso. O pecado de Davi não foi o de levantar
um senso, mas, sim o que o motivou. Depois de grandes vitórias militares, ele
parecia inclinado a confiar mais num exército de homens poderoso, do que no
Senhor todo poderoso, o Senhor dos exércitos. E não é essa a nossa tentação, e
pecado?
Quando é que vamos viver e tratar as
coisas de Deus e do Seu Reino, como as mais justas, as mais honestas e as mais
limpas a se desenvolver? Por que é que temos que agir primeiro pelos impulsos
do velho homem, onde a vaidade e o desejo egoísta ainda exercem suas
influências nas nossas decisões? Por que é que não andamos no Espírito com
maior regularidade e deixemos de satisfazer a vontade da carne? Quando é que
passaremos a consultar o Espírito do Senhor com maior freqüência para as nossas
decisões?
No episódio, Joabe tinha outra
opinião sobre a decisão do seu rei, para a questão da quantidade, veja o que
diz o v.3 parte a, de I Crônicas 21: “Multiplique o Senhor, teu Deus, a este
povo cem vezes mais...” Se Davi era rei sobre Israel, a cada aumento de uma
pessoa no povo, não estaria ele recebendo os benefícios desse crescimento, e
continuaria reinando sobre todos? Veja que o texto é bem claro quando diz que
Joabe alerta o rei, sobre as conseqüências da sua decisão. O próprio povo
sofreria as conseqüências; não é o que as ovelhas estão sendo levadas a sofrer
hoje, por este tipo de medida ou fórmula de calcular o crescimento do Reino de
Deus? Denominação tal, e líder tal; tem crescido assim, e feito isso e aquilo;
quando comparados sem critério algum, mediante a bíblia; não traz certa
frustração? E veja que não sou contrário á análise e a avaliação reflexiva de
cada líder no seu ministério, é saudável e pode ajudar a perceber alguns erros,
mas, a atenção é para que seja pesado pelo crivo do Senhor, se é que temos
coragem para fazer isto; e não pelo método e modelo empresarial que tem sido
apresentado como modelo de gestão de excelência que é a linguagem predominante
no mundo moderno da alta administração no mundo.
E mesmo sendo questionado, a palavra
do rei é que prevaleceu, veja o v.4: “Porem a palavra do rei prevaleceu contra
Joabe;...” cabe a nós uma reflexão, é honesto, é espiritual, mantermos a última
palavra na igreja, só por arrogância e ciúmes sobre outros; mesmo que à custa
da morte de algumas ovelhas? Joabe saiu com os demais anciãos e conforme o
texto descreve: levou nove meses e vinte dias para percorrer todo o território
de Israel e voltar com o tão desejado número que pediu o rei Davi. Em II Samuel
diz que em Israel eram oitocentos mil homens que puxavam a espada, e em Judá
eram quinhentos mil; já em I Crônicas diz que foi um milhão e cem mil homens em
Israel, e em Judá eram quatrocentos e setenta mil homens, fora os de Levi e
Benjamin que não foram contados entre eles, “por que a ordem do rei foi
abominável a Joabe”.
Ao que demonstra o texto a seguir,
também não foi do agrado de Deus, que é o rei supremo do povo. I Crônicas 24.7
parte a diz: “Tudo isto desagradou a Deus, pelo que feriu a Israel...”. Tudo
isto, o que? Necessidade da nossa ajuda Deus não tem, com relação a está
lembrando a Ele quantas ovelhas ele tem, não há necessidade; pois não
esqueçamos que Ele é presciente; e além disso, é Ele que chama as suas ovelhas,
salva-as, e acrescenta-as à sua Igreja dia após dia, o que é que nós, com as
nossas idéias mundanas podemos ajudar a Deus a fazer melhor o Seu Trabalho?
Será que a nossa ajuda, e ao nosso jeito, não irá atrapalhar as coisas de Deus?
As coisas de Deus devem ser feitas ao jeito de Deus, para que mais tarde, ao
começarmos a colher os frutos do “nosso jeito” não venhamos a ter que colocar
remendos novos em panos velhos, ou vinho novo em odres velhos.
Quem é tão sábio, ao ponto de não
reconhecer a Deus, os seus caminhos, a sua maneira, a sua sabedoria, a sua
justiça, de não depender do seu auxílio e da sua ajuda? Será que não estamos
querendo ser servidos, ao invés de sermos diáconos, servos humildes na seara do
Senhor?
Que possamos refletir sobre os
modelos de crescimento numéricos da igreja de Jesus, hoje, mas jamais,
desprezando e passando por cima, ou negligenciando a voz e a vontade do Dono da
Igreja.
Pr Salésio Oliveira Porto 22/06/12.
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